Teias de aranha
Quando se olha de fora, são evidentes. De um lado vemos uma garota no primeiro ano do colegial, descobrindo um mundo que mais tarde seria sua própria perdição. Do outro, vemos uma aspirante a professora de inglês, formada, que concorre à bolsas de estudo e logo iniciará uma faculdade.
Uma trajetória de sucesso, poderiam imaginar. O patinho feio "desabrochou", mostrou seus talentos, está progredindo. Vou confessar que o saldo positivo cresce. Planos e mais planos me preenchem, alimentando expectativas para um futuro que está cada vez mais próximo.
Não seria o máximo se essas mudanças fossem por completo? Se finalmente, os fantasmas do passado dessem uma trégua, e fizéssemos, finalmente, um acordo de paz? Ora, ora, ora, não sejam tolos. Fantasmas do passado, são aqueles que, na verdade, irão nos acompanhar por toda a vida. São aqueles que, em seu maior momento de trinfo, vão sussurrar ao seu ouvido: "não importa o que tente, o fracasso é evidente". Cada dúvida, cada incerteza, não importa o que aconteça, eles estarão lá. Restaurando toda e qualquer insegurança, florescendo o medo que nos acompanha por toda uma vida. E pra ajudar, eles são fiéis.
O que podemos fazer à respeito? Poderia dizer que a vida seria mais fácil se seguisse uma fórmula, mas nunca me identifiquei muito com elas. Por que não dar uma de Scrooge, e (mesmo que relutantemente) aprender com esses fantasmas?
Escolhas não temos muitas. Mas felizmente, tempo para tentar, não falta.
Reaproveitando o passado.
You're my wonderwall
Meu imortal.
Guarda meu lugar.
Aqui ou acolá.
Melancolia 4free
Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas... Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...
Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida!